Faço enfermagem e estou me formando neste ano. Área escolhida, possível mestrado. Tudo lindo. Mas surgiu uma pedra no meu caminho. No meio do meu caminho havia uma pedra, chamada saúde do trabalhador.
Guarda bem essas palavras: COXA. A professora (que é substituta e estava caindo fora) foi chamada de ultima hora, para a disciplina porque não tinha ninguém pra dá-la: cena bem assim
_ Ô fulana, o que você tem pra fazer de terça a tarde?
- Nada, porque? (tipos, ela pensando que ia ser chamada pra dar uma volta no shopping)
- Então você é a nova professora de Saúde do trabalhador. Mas nada... começa terça feira.
E assim começou as duas horas de tortura. Poderia ser pior, poderiam ser as quatro aulas que realmente eram, mas seria melhor se não fosse nenhuma e a gente estudasse a distância. Pois bem: trabalho um: concluído. Trabalho dois: concluído. Apresentações: ok. Viagem:? Ok (quase ok que o tio do bus quase matou a todos)
Mas nem tudo é perfeito. Vou fazer trabalho em grupo sem ser com as minhas tradicionais (com)parças. Até ai, magoadinha mas beleza. Paro num grupo de uma menina que me detesta e faço dupla com uma outra guria que é varzea. Veja bem, não é o sujo falando do mal lavado porque eu sou esforçadinha. Mas ela é várzea mesmo, por N razões que eu não digo pra ninguém me acusar de nada.
O trabalho é ENORME (põe ênfase nesse enorme estilo Marcelinho lendo contos eróticos porque é ENORME mesmo). E o pessoal da minha (atual) turma não ajuda, colocando a prolixidade multiplicada por proatividade ao quadrado. As vezes eu me pergunto, será que eles dormem? Lá vou eu né descobrir assim, nos 45 do segundo tempo que o pessoal além do que foi pedido estava colocando até o não pedido como por exemplo o Estado Novo. Coerência, pra que?
Beleza, então que eu notei que eu não ia dar conta mesmo e convoquei a coleguinha. Dei uma ÚNICA função pra guria, avisando que IA DAR TRABALHO mas era a parte mais fácil. Veja bem, eu esperava nessa que 1/3 do trabalho estivesse resolvido. E ela me manda uma página com todos os erros possíveis. Corrijo ela e eu recebo o diálogo que segue.
Vendo isso a gente conclui: ou ela é muito tonta por achar que eu cai nessa. Ou eu sou é muito tonta por ter entendido e ter deixado quieto. Atentando-se: Eu odeio qualquer briga, até mesmo quando eu estou certa. E quando estou dentro delas eu só penso em SAIR delas. Enfim, não briguei.
Mas pensa numa pessoa que estava desesperada, com uma úlcera no estômago de tanto nervosismo. Oui oui, j'étais. Ai que eu vi que o trabalho não ia ficar pronto, e eu ja estava pirando porque eu estudei TUDO o que eu não tinha estudado em um semestre inteiro. Ficou pronto a apresentação de grupo, peguei amizade da que me odiava (ou pelo menos ela não vai me matar primeiro) e vamos em frente. Apresentação foi de boa, a menina não fez nada mas ia participar. Trabalho escrito, não entreguei, mandei a real pra professora sobre a folgada e ela me "perdoou". Nos deu a opção de chegarmos a decisão de como resolveriamos a situação, visto que eu estava desesperada por ser meu penúltimo semestre e de boa de ficar mais um ano com um mestrado encaminhado. Guarde bem isso também: estou quase me formando com a vida semi-encaminhada.
Falei na cara da menina e da professora que eu não me sentia a vontade de fazer o trabalho em dupla, queria fazer sozinha mesmo. Vinte páginas minhas, mas vinte páginas SÓ MINHAS. Ela olhou chateadinha, mas né. Ai que eu fiquei até com dor na consciência e bla bla blá. Mas venhamos, em quatro anos ninguém teve muito dó da minha pessoa. Se eu não fazia algo, eu me lascava. Se eu fazia de menos, eu me lascava. Se eu fazia de mais, também me lascava. Uma universidade (pública) é uma selva. No meu caso é literalmente.
Mais três dias pra fazer o trabalho e eu estava sobrecarregada. Sério, era uma sexta-feira, o dia da comemoração do último dia de aula dos meus alunos (sim, sou professora também :P). Sabe o que eu fiz? Fui na festinha deles. E quer saber o que mais? Joguei truco! Nunca joguei baralho na faculdade (pelo menos não nessa). Agora sim, sou uma pessoa completa. E isso não significa nada. Entreguei o trabalho às 20:00 do último dia junto com o último relatório e junto com a avaliação da disciplina.
Uma semana depois, tipo hoje, depois de eu ter voltado pra "casa dos pais", eu recebo um e-mail da professora. Veja bem o que ela fala no e-mail:
" E gostaria de, antes de divulgar as notas, lhe alertar sobre a sua, em questão.
À princípio, imaginei que você e a (criatura X) teriam uma certa 'vantagem' sobre os outros alunos, pois haviam assistido às apresentações dos seminários, verificando o formato e as inferências esperadas para esta atividade. No entanto, em seu trabalho, isto não ocorreu."
À princípio, imaginei que você e a (criatura X) teriam uma certa 'vantagem' sobre os outros alunos, pois haviam assistido às apresentações dos seminários, verificando o formato e as inferências esperadas para esta atividade. No entanto, em seu trabalho, isto não ocorreu."
Pensa em alguém com o C* nas mãos. Tipo, eu acho que eu me vi mais um ano na faculdade. Eu me vi mais um ano na faculdade e com CHAPÉU DE BURRO na cabeça. Eu me vi largando tudo e indo trabalhar em loja. Nada contra, mas imagina eu trabalhando no comércio. Eu não gosto nem de fazer compra com vendedora, vou sempre fazer compra em loja de departamento pra ninguém ficar em cima de mim, quiça trabalhar no comércio. Mas eu me vi, fail total.
Vou ver o meu trabalho e a JUMS aqui realmente esqueceu de adicionar só mais uma página falando certinho a minha função como enfermeira. Alias, tinham 21 páginas e eu realmente não queria escrever mais nenhuma linha. Alias eu me recusei mesmo a por mais um monte de coisa porque né, pra mim era um trabalho de faculdade e não uma tese de doutorado. E digo mais, o dia que eu me tornar professora eu juro que rebaixo a nota de quem me mandar trabalho com mais de dez páginas e cheio de lorota. Juro, não sou obrigada.
Voltando, mando outro e-mail pedindo desculpas, mas na indireta falando "Por favor, eu não posso reprovar". Recebo um:
"Assim, sua nota será menor, mas não que permita uma interrupção de seu processo de formação."
Novamente, pensa numa pessoa que já esta fazendo planos de fazer um currículo e entregar em qualquer fábrica. Melhor trabalhar de peão na industria do que no comércio né. Dúvidas pairam na minha cabeça. Que nota eu tirei MEU DELS? Diz-me.
Meia hora depois de muita e muita angústia. E quase alguém simatando ou se não era pra ser enfermeira, assassina eu me tornaria. Meu mundo quase caiu. Coleguinha de sala me fala: Já saiu as notas e eu vou lá ver. Vamos fazer as contas:
Primeiro trabalho, nota DEZ
Segundo trabalho, nota DEZ
Apresentação, nota DEZ
Terceiro trabalho, nota SEIS
Dez mais Dez mais DEZ mais Seis é igual a TRINTA E SEIS, dividido por quatro temos NOVE. Eu precisava de média SEIS. E eu terminei com NOVE. E nem foi a nota mais baixa. E eu era uma das poucas que teve três DEZ. E a minha "parceira-folgada" não fez nada e ganhou ... SEIS e a média ficou de 8,5.
Era pra eu ficar feliz? Tá lógico que era, pra quem estava chorando por SEIS. Eu só queria me formar. Mas vem comigo, porque me fazer passar por esse stress, ein ein ein? Porque? Nivel 5 de maldade. Juro, se eu soubesse entregava em branco e ainda garantiria meu 7,5. Porque a verdade é que eu só quero me formar.